Um elevado número de técnicos e de produtores de vinho de todo o país, maioritariamente da Estremadura, participaram nos dias 20 e 21 de Junho, na vila de Alenquer, no III Colóquio Vitivinícola da Estremadura, uma organização conjunta da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa e da Associação Portuguesa de Horticultura.

O início dos trabalhos, no Auditório Damião de Goes foi assinalado com a presença do Director Regional de Agricultura e do Vereador Luís Rema da Câmara Municipal de Alenquer, entidade que concedeu assinalável apoio à realização do Colóquio.

No desenvolvimento da acção foram apresentadas comunicações de elevado nível técnico, inicialmente na área vitícola, tendo Ramón Lissarrague da Universidade de Madrid, numa exposição plena de sentido, justificado o recurso a uma metodologia cujo objectivo principal é atingir-se a máxima qualidade.

Também Antero Martins do Instituto Superior de Agronomia enunciou métodos e estratégias para a valorização das castas de videira autóctones numa perspectiva de enaltecimento do seu potencial qualitativo.

As duas primeiras sessões, complementadas com comunicações onde a divulgação técnica era devidamente valorizada, forneceram elementos suficientes para interessantes e esclarecedores debates.

A parte da tarde começou com uma abordagem à tecnologia enológica, onde o conferencista convidado Paulo Laureano expressou que aquilo que diferencia o vinho e o torna um produto multidimensional único, capaz de mostrar uma identidade e um conjunto de cores, aromas e sabores de prazer, são uma série de factores que se encontram a montante da tecnologia enológica propriamente dita, mas que hoje não podem ser ignorados pelo enólogo.

Tema a despertar vivo interesse seria apresentado na 4ª sessão, com o título genérico de “O Vinho e o Turismo”, onde o Vice-Presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia e mentor do projecto da Quinta do Monte d’Oiro, José Bento dos Santos, constatou e divulgou que o turista da actualidade está a privilegiar uma rota gastronómica em detrimento da antiga rota definida por monumentos, museus ou paisagens, pelo que será, cada vez mais, necessário atrair o turista com programas enogastronómicos. Particularizou ainda a conveniência duma identificação fácil, clara e suficientemente lata para a região, facto que foi aproveitado pelo presidente da CVR Lisboa, no debate, para manifestar a vontade e a premência dum rápido reconhecimento da nova indicação geográfica do vinho regional, que em alternativa a Estremadura adoptará a designação Lisboa, conforme deliberação já aprovada anteriormente e aqui vivamente reafirmada pelos participantes no Colóquio.

O primeiro dia de trabalhos finalizou com agradável convívio proporcionado pelo jantar servido no Fórum Romeira, durante o qual foram homenageados pela acção desenvolvida em favor do sector vitivinícola os engenheiros António Curvelo-Garcia, Director da ex-Estação Vitivinícola Nacional, José Bento dos Santos, proprietários da Quinta do Monte D’Oiro e o Dr. Vasco d’Avillez, Presidente da ViniPortugal.

Para o final do dia foi reservada a divulgação dos resultados do IV Concurso de Vinhos Engarrafados da Estremadura, iniciativa conjunta da Confraria dos Enófilos da Estremadura e da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa, que permitiu o reconhecimento dos melhores vinhos da região, indicador de muito valor e interesse, tendo particularmente em consideração o elevado peso da amostra considerada, tanto pelo número de vinhos concorrentes, como pelo peso do volume que cada um representa (relação completa dos premiados em anexo).

Na oportunidade, o Grão-Mestre da Confraria dos Enófilos da Estremadura, João Corrêa e o Presidente da CVRLisboa, Carvalho Ghira, referiram alguns aspectos ligados à organização e regulamentação do Concurso, que contou com a participação de 122 concorrentes, 59 dos quais (43 tintos, 10 vinhos brancos, 1 rosado; 3 espumantes e 2 aguardentes) depois de uma primeira selecção passaram à apreciação do “Júri Especial” que destacou oito medalhados a ouro.

A entrega dos prémios deste Concurso terá lugar em cerimónia integrada no Capítulo da Confraria que estatutariamente é realizado em Novembro, permitindo a sua prévia divulgação nesta altura para que os apreciadores possam contar desde já com uma importante informação, com particular interesse sobretudo no caso dos vinhos brancos que encontram um consumo mais adequado durante a época estival.

“O Vinho e a Saúde” foi o primeiro tema a ser tratado no segundo dia de trabalhos, tendo para o efeito sido convidado Sérgio Cunha Velho da Liga da Saúde, Vinho e Nutrição, entidade que foi apresentada pelo seu Director Mário Saraiva Pinto. O conferencista, reconhecido nutricionista, começou por fazer uma abordagem geral sobre os actuais conceitos de alimentação saudável, particularizou o tipo de alimentos e a quantidade a ingerir para uma alimentação equilibrada, finalizando com referencias a estudos recentes sobre o vinho e a saúde, analisando os principais componentes fenólicos com propriedades anti-oxidantes e a sua importância para a saúde do ser humano.

Os trabalhos no auditório finalizaram com uma mesa redonda, moderada pelo presidente da CVRLisboa, onde, sob diversos pontos de vista, foram abordadas questões ligadas à globalização dos mercados e quais os desafios para o futuro, com intervenções iniciais do jornalista Aníbal Coutinho, do empresário António Mendes Lopes, da Directora Geral da ViniPortugal Dora Simões, da técnica do IVV Maria João Fernão-Pires e da enóloga Sandra Tavares da Silva.

A parte da tarde foi preenchida com visitas a quintas da zona vitivinícola de Alenquer, onde em derradeira prova de vinhos foi reconhecido o apreciável nível qualitativo dos Vinhos da Estremadura.